A Evolução do Seu Shape Está além da sua percepção

A Evolução do Seu Shape Está além da sua percepção

Muito provavelmente você já deve ter tido a percepção de estar evoluindo fisicamente – melhorando o shape – e após uma avaliação antropométrica, levar um balde de água fria. Certo?

Isto, por mais frustrante que seja, é mais comum que parece, porque nossas percepções são totalmente enviesadas. Ou seja, elas são influenciadas pelas nossas sensações, experiências, capacidade de julgamento e a forma como vemos o mundo.

Percepção é diferente de sensação. Sensação está atrelado ao sentir, e por isso temos a sensação de calor e de frio, de paixão e de ódio, de que algo é rígido ou viscoso ou líquido, tudo isso são exemplos de sensações. Do mesmo modo, podemos sentir certas mudanças relacionadas ao exercício, como melhora do sono e da disposição, melhora da retenção hídrica e da força e resistência muscular.

A percepção, por outro lado, é um constructo baseado nas nossas memórias, a nossa cognição e ao nosso comportamento. Assim, você só é capaz de perceber algo que vivenciou, assimilou e reagiu, de algum modo, a respeito.

David Marr (1945-1980), esboçou uma teoria amplamente aceita pela sociedade internacional, em que a percepção seria orientada tanto pelos sentidos quanto pela cognição. Em sua teoria, a formação da percepção passa por um esboço primitivo baseado nas informações recebidas, então forma-se uma imagem incompleta e só depois a imagem completa é formada e armazenada no cérebro.

Na prática dos resultados do treinamento, é como se disséssemos que primeiro você percebe as cargas mudando nos treinos, depois percebe que esta carga reflete o aumento da sua força muscular e, por fim, percebe que este aumento da força muscular pode ter se dado em função do aumento da massa muscular, refletido no aumento da circunferência de braço. Tudo bem que esta relação força e hipertrofia é uma via de mão dupla, mas serve para o entendimento do que falamos.

Se quiser ler mais sobre progressão de cargas, recomendo que leia este post.

Tempos depois, o neurocientista americano Irving Biederman (1939-2022), formulou que ao invés de formarmos imagens primárias, incompletas e completas, formávamos espécies de figuras geométricas e a combinação destas nos permitia formar imagens completas e posteriormente resgatadas.

Fato é que, independente da teoria preferida para abordar a percepção, tenhamos em mente que ela sempre terá formas iniciais não muito conclusivas e só depois de muita maturidade e vivências, é que teremos percepções mais assertivas do que mostra a realidade.

Talvez por estas razões, é que iniciantes e indivíduos em geral com pouca prática, recorrem ao uso de esteroides em função de uma percepção destoada da realidade associada ao desejo de sanar as expectativas criadas previamente.

É claro que a percepção fará associações das sensações vivenciadas com a memória, muitas vezes através da cognição.

E é justamente pela razão citada acima, é que só tem a percepção de estar melhorando fisicamente, mesmo com a avaliação física mostrando o contrário, quem já teve resultados satisfatórios um dia.

Pode observar, iniciantes tem pressa de mudar, mas raramente percebem resultados, seja por inexistirem, seja por não perceberem de fato. Por outro lado, aquela pessoa que já treinou e teve excelentes resultados, parou por anos e recomeçou a treinar, baseia suas percepções em resultados que tivera um dia, não nos que de fato tem agora.

E isso pode gerar um problema de frustração relativo às expetativas criadas.

Mas o que fazer, não para driblar a neurociência, mas para obter percepções mais concretas e condizentes com a realidade? Se liga:

1º Entenda que a medida que você avança em idade e tempo de ociosidade da prática dos exercícios físicos, os potenciais resultados apresentados serão menores;

2º Dialogue ativamente com seu treinador, para entender o que a avaliação está apresentando e cruze estes dados com o que você está percebendo;

3° Estabeleça objetivos menores com recompensas realizáveis. Por exemplo, ao invés de buscar emagrecer 10kg em 3 meses, sugiro 1kg em 1 mês com premiação de um jantar fora caso bata a meta. Isso fará com que seu cérebro estabeleça parâmetros concretos para direcionar ações. Repita este processo ao fragmentar as metas maiores em metas menores, colocando microrecompensas para cada fragmento de meta.

Não se engane, mesmo para botar o shape, algo pensado como puramente físico, é seu cérebro que manda e você que, estando desatendo, obedece.

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