Os músculos envolvidos no Afundo

Os músculos envolvidos no Afundo

Recentemente um renomado usuário do Instagram compartilhou em sua rede um texto sobre o afundo trabalhar mais a perna de trás ou a perna da frente (já começa errado por aí porque perna remete não a coxa, mas compreende entre joelhos e maléolos).

Independente de quem quer que seja, de qual foi a intenção, de qual foi o aprofundamento em leitura e quaisquer outros motivos, não estou aqui para avaliar, até porque o professor Eder Lima já o fez brilhantemente, estou aqui simplesmente para expor alguns fatos e colocar os senhores e as senhoras para pensar criticamente com as informações confirmadas que temos pela ciência.

Musculaturas participantes do Afundo

  • GLÚTEO MÁXIMO: potente extensor do quadril, participa ativamente
    realizando a extensão do quadril na fase concêntrica do movimento (subida);
  • GLÚTEO MÉDIO: potente abdutor do quadril, atua estabilizando a posição dos membros inferiores para que não entre em valgo dinâmico, estabilizando assim o movimento;
  • QUADRÍCEPS: composto por vastos medial, intermédio e lateral e pelo reto femoral, o quadríceps é o principal extensor dos joelhos e flexor do quadril. Veremos mais adiante de que maneira ele atua de fato;
  • ISQUIOTIBIAIS: compõe tal grupamento semitendinoso, semimembranáceo e bíceps femoral (cabeças curtas e longa). Este participa realizando tanto a flexão dos joelho excentricamente, quanto auxiliando o glúteo máximo na extensão do quadril concentricamente (em menor escala, obviamente);
  • GASTROCNÊMIO: atua em menor escala na fase concêntrica do movimento haja visto o baixo grau de dorsiflexão plantar (fase excêntrica) e o grande grau de flexão dos joelhos;

O movimento

O afundo é tipicamente um movimento de agachamento antero-posterior em eu um dos MMII posicionam-se atrás da projeção da linha mediana, enquanto o outro MMII projeta-se a frente da mesma, ao passo que em um agachamento tradicional teríamos ambos os MMII projetados ao lado da mesma.

Durante o curso do movimento em si, percebemos que o devido ajuste mecânico se dá pela perna de trás guiando e controlando o movimento de “descida”, permitindo assim que a fase excêntrica ocorra de modo livre de contrações no MMII anterior.

Por outro lado, o MMII posicionado anteriormente, realiza “sozinho” a fase concêntrica do movimento à medida que o calcanhar executa pressão contra o solo, permitindo que, através da transmissão de força em cadeia, possa o quadríceps e glúteo perceber o ambiente estável e fixo (mecanismos proprio e mecanorreceptor), para então realizar força em sua máxima ação concêntrica.

Quando observamos o posicionamento em si da fase mais inicial e da fase mais excêntrica deste exercício, percebemos que durante a fase inicial (totalmente em pé) temos no MMII anterior uma ligeira flexão de quadril e, no MMII posterior uma pequena extensão do quadril.

Tal extensão inicial do quadril poderia ser relatada como um fator de impacto na maior ativação do reto femoral, haja visto seu quadro de pré estiramento. Certo? ERRADO!

Pré-estiramentos só são possíveis caso ocorra em sua máxima ação excêntrica inicial ao movimento e, neste caso, ocorre em sua máxima ação concêntrica.

Ou seja, na fase em que o MMII posterior está mais baixo, o quadríceps não se encontra em seu máximo alongamento devido a neutralidade do reto femoral e parcial flexão dos joelhos.

Já o MMII anterior, durante sua máxima ação excêntrica (descida) percebemos boa flexão de joelhos e grande flexão passiva do quadril.

Desta forma, inferimos (por anatomia, Cinesiologia e biomecânica), que excentricamente temos um pequeno, mas ativo, recrutamento do reto femoral e, concentricamente percebemos grande solicitação dos vastos e, no reto femoral, da porção extensora do joelho.

Relacionando as coisas

Haja visto todo o relacionado acima, não posso dizer de modo algum que ambos quadríceps trabalham ao mesmo tempo de modo igualitário (leia acima novamente caso não tenha captado), até porque não haveria diferença alguma realizar o “Afundo” ou o “Agachamento Tradicional”.

A questão aqui é que não precisamos (na maioria das vezes) de estudos eletromiográficos avançados para ver o que é básico. O que falta é uma análise crítica e refinada do básico. Falta apego e valorização da base. Falta estudo dos livros enquanto sobram estudos parciais de artigos.

Artigos devem sim ser lidos, óbvio. Mas a base sempre será a base. E a práxis… sempre será o carro chefe.

Bons treinos!!!

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