Pumping muscular gera mais hipertrofia? Parece um questionamento sem sentido, trivial até, mas que revela grandes problemas dentro de uma sala de musculação.
O treinamento, por definição, almeja sempre o desenvolvimento e, por consequência, melhora das capacidades funcionais apresentadas pela musculatura (e.g. força e resistência). Assim sendo, ao iniciar uma sessão de treino, deve-se ter em mente que esta sessão deve fomentar condições para que, ao longo das semanas, uma nova condição física seja atingida.
É claro que, no decorrer desta sessão de treinamento, haverão sinais em função dos marcadores psicobiológicos associados ao exercício físico, sendo eles:
- Acumulação de metabólitos – pode surgir em função do volume de treinamento (popularmente chamado de pumping);
- Aumento dos níveis de lactato – surgem em função do desgaste progressivo das reservas de ATP muscular, desencadeando cansaço e dolorimento local;
- Falha mecânica – pode ocorrer em função do desgaste do aparato motor ao longo das séries, tornando inviável a sustentação do volume frente a insuficiência de ATP;
- Falha técnica – ocorre em função da elevada exigência imposta ao sistema nervoso central, pela associação da intensidade e volume;
Dos quatro itens mencionados acima, devemos dar certo grau de atenção, neste post, à acumulação de metabólitos.
Veja bem, a hipertrofia pode ocorrer tanto em situações de baixa quanto de alta intensidade e/ou volume, e isso já está muito bem consolidado na literatura. O acúmulo de metabólitos, por outro lado, é meramente um marcador biológico que, em função do desgaste de um subsistema energético, pode desencadear o processo hipertrófico.
O lactato, por exemplo, surgirá, em diferentes níveis, tanto em repetições elevadas quanto em repetições baixas (com altas intensidades). Isso porque ele (lactato) tem por finalidade a aceleração da recuperação de ATP.
Por isso o apego ao pump não é justificável. Aliás, este texto pode te ajudar a entender esta questão.
Se treinar em função do pump elevado fosse de fato a decisão mais acertada, não faria sentido treinar na faixa das 6 repetições e ainda assim colher resultados, por exemplo. Na verdade, a própria literatura mostraria ser mais proveitosa a faixa de repetições elevadas, e não é exatamente isso que vemos.
O treinar pelo pump, acontece sempre que buscamos o inchaço muscular temporário em cada sessão de treino. Ele (o pump) é muito mais comercial, afinal de contas, este inchaço leva à sensação de tamanho muscular como se correspondesse de forma direta ao desenvolvimento (e não é bem assim).
Lembro de, anos atrás, ter visto um fisiculturista influenciador dizer que o quanto você incha em um treino é o quanto você consegue hipertrofiar. Mas isso é de um absurdo que beira a estupidez (no sentido de completa falta de bom senso mesmo).
Quem treinar em função da obtenção de resultados, visará sempre marcadores relacionados à faixa de repetições e intensidade escolhidos, não necessariamente ao inchaço temporário.
Quem treinar em função da obtenção de resultados, buscará sempre alternar diferentes faixas de repetições e intensidade, focando na melhora da força e resistência.
Quem treinar em função da obtenção de resultados, treinará sem dar tanta importância ao pump, porque sabe que para quem busca resultados, ele não é, necessariamente, decisivo.
E você, está treinando em função do pumping ou em função da obtenção de resultados?
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